sábado, 8 de agosto de 2009

3 - O Raúl Solnado, kinou.

Quando comecei a teclar este post e ainda antes de me decidir aceca do título, tinha em mente expressar os meus agradecimentos aos primeiros amigos que vieram até minha casa, para num coup d'olho observarem como é que o melro se estava a safar! Meus caros, os vossos comentários não foram apenas os primeiros. Eles foram o empurrão, o alento de que eu estava a precisar para não me sentir um falhado completo. Blogar, não está a ser fácil e tenho perfeita consciência que entre o almejado sucesso e o mais completo ridículo, vai o salto de uma cobra. «Da minha janela à tua, é um salto de uma cobra, ainda espero chamar, à tua mãe minha sogra».
Ainda se eu pudesse contar com a ajuda do nosso Carlitos !?
Pois, Carlos Vinhal, Santos Oliveira, Joaquim Mexia Alves, deixem-me encostar o meu ao vosso peito. E dizer-vos que quero mais. Quero publicar textos e fotografias sobre as vossas experiências de viagens, planos ou simples sugestões para passeios, encontros, actividades, como agora se diz. Quero sonhar que hei-de navegar no Ganges ou voltar a descer o Amazonas, partir à desbunda levando às costas a mochila, nos olhos o horizonte e a vós como companhia.
Instantes:
« Se eu pudesse viver novamente a minha vida, na próxima trataria de cometer mais erros. Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais. Bem mais tolo ainda do que tenho sido. Na verdade bem poucas coisas levaria a sério.... Seria menos higiénico..... Correria mais riscos, viajaria mais, contemplaria mais entardeceres, subiria mais montanhas, nadaria mais rios.... Iria a mais lugares onde nunca fui, tomaria mais sorvete e comeria menos lentilha. Teria mais problemas reais e menos problemas imaginários. Eu fui uma dessas pessoas que viveu sensata e produtivamente cada minuto da vida; claro que tive momentos de alegria... Mas se eu pudesse voltar a viver trataria de ter somente bons momentos. Porque se não sabem, disso é feita a vida, só de momentos, não percas o agora.... Eu era um desses que nunca ia a parte alguma sem um termómetro, uma bolsa de água quente, um guarda-chuva e um pára-quedas; se eu voltasse a viver, começaria a andar descalço no começo da primavera e continuaria assim até o fim do outono. Daria mais voltas na minha rua, contemplaria mais amanheceres e brincaria com mais crianças...... se tivesse outra vez uma vida pela frente. Mas vejam, já tenho 85 anos, estou cego e sei que vou morrer...
Jorge Luiz Borges »
Não posso contudo deixar de fazer uma referência à notícia do dia: O falecimento do Raúl Solnado. Fiquei triste, mais por mim do que por do que por ele. Não porque fosse um especial apreciador do tipo de humor que praticava, bem ao gosto do portuga, que desancava com mestria através das suas personagens. Mais do que qualquer outra figura, o Raúl Solnado foi um ícone da minha geração que acompanhou praticamente até ao fim. Com a sua morte, não ficamos só mais pobres, ficamos também mais conscientes de que se aproxima o momento de sabermos o que é que se passa do lado de lá. Já agora , podióó ... chamá-lo? Com esta fala e o título, pretendo deixar um sinal do quanto eu respeito a sua memória.

Juan

2 comentários:

  1. Por Homenagem ao Raul Solnado

    Algures, no tempo, numa viagem de regresso a Lisboa no Sete Cidades, após gravação de Programa no Monte da Virgem, no meio da conversa ou por pergunta minha, ele disse:

    "Lembro-me da minha primeira namorada.
    Um dia, estava com ela na frente da sua casa e a mãe dela disse:
    Dê-lhe cumprimentos!
    E eu disse:
    Dê-lhe, também, larguras".
    Depois acrescentou: Acho que foi a primeira piada que eu terei dito.

    Jamais esqueci esta revelação do Solnado.

    Que seja, agora, a Homenagem possível.

    Santos Oliveira

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  2. ... Pois eu recordo a minha primeira ida ao Teatro, princípio dos anos sessenta, tavez. Foi em Alvaiázere e a peça chamava-se "O delicadinho do 5º". Era uma comédia ao jeito da revista - que nunca apreciei - mas que foi um fartote de rir, lá isso foi! Naquela época, os suburbanos ou os rústicos como eu, tinham poucas hipóteses de assistir a espectáculos de qualquer natureza. Por isso, quando os itinerantes vinham de Lisboa até às berças, era uma festa na aldeia e arredores. Com todas e apesar das doficuldades desses tempos, doi-me a saudade!
    Juan

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