domingo, 6 de setembro de 2009

18 - Viagem a Tenerife

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C.V. - Tenerife, Pico Teide

C.V. - Tenerife, palmeiral no Loro Parque

C.V. - Tenerife, paisagem árida na base do Pico Teide
Em Tenerife, comemorando os 25º aniversário de casamento.
Por: Carlos Vinhal

Depois daquela romagem de saudade à Ilha da Madeira em1985, durante uns anos não houve férias para ninguém. Provavelmente demos umas voltas pelo nosso lindo rectângulo, do qual tenho algumas fotos, tão boas que nem parecem tiradas por mim. Qualquer dia mostro-as.
O tempo foi passando e sem darmos conta, íamos completar 25 anos de casados. Estávamos então em 1997.
Para festejar, resolvemos ir ao “estrangeiro”. O mais “estrangeiro” a que tínhamos ido, foi ali em Vilar Formoso ao passarmos para o outro lado do meco que assinala a fronteira entre Portugal e Espanha.
Tinham-nos dito que as Ilhas Canárias eram muito bonitas, quase tanto como a Madeira e os Açores, pelo que resolvemos ir dar uma escapadela.
Fui à Agência de Viagens, não sei viajar doutra maneira, marquei o Hotel, em Tenerife, em função das estrelas dele e do meu dinheiro, respectiva passagem de avião, e lá fomos numa altura que incluía o dia de aniversário do nosso casamento e dos anos da minha mulher. Por acaso ela nasceu no dia em que havia de casar 24 anos mais tarde. Coincidências.
Viagem muito agradável até que o Comandante da aeronave anunciou a chegada ao nosso destino. Vou tentar descrever o que vi, ou melhor, não vi.
Pela janela do avião vislumbrava-se uma área enorme de não sei quantos quilómetros (ou milhas) de nuvens, e de repente no meio das ditas, o pico de um monte a furá-las.
O avião continuava a perder altitude para fazer a aproximação à pista e eu a tentar ver os hotéis, piscinas, casas chiques, praias de areia dourada e tudo o mais que eu julgava ir encontrar. Mas nada, só paisagem lunar. De repente no meio do deserto viu-se um aeroporto. Bem ao sul da Ilha, tão ao sul que quase o faziam no mar. Pousámos no meio do deserto, literalmente, esperando que estivessem à nossa espera. Convém dizer que no nordeste da ilha há outro aeroporto próximo da capital, Santa Cruz de Tenerife.
Estávamos já no interior do Aeroporto Rainha Sofia, assim se chamava este, quando alguém exibia um cartaz com o meu nome.
O ar estava sufocante, mesmo não havendo sol. Estava completamente desiludido.
Metidos num autocarro lá fomos a caminho de... nem eu sabia de quê.
Andados uns quilómetros, começou a aparecer a “civilização”. Quem havia de dizer que debaixo daquelas nuvens todas, se iria encontrar aquela aglomeração enorme de hotéis para todos os gostos e carteiras. Gente de todas as nacionalidades e cores, vestidas, ou despidas, da maneira mais adaptada ao clima tórrido que se fazia sentir. O nosso destino era a Praia das Américas e o Hotel Las Palmeras.
O Hotel tinha uns jardins muito bonitos com vegetação predominantemente tropical.
A Praia das Américas é uma zona projectada para o turismo. Toda a noite tem movimento. As esplanadas dos cafés e hotéis têm música a toda a hora. Juro que “vi e ouvi” os Platters a cantar o “Only You”. Também “vi e ouvi” os Beatles ao vivo e a cores, ali mesmo à mão. Pintores mais ou menos audazes pintam a spray, a carvão e a óleo. Charretes puxadas a cavalo levam turistas a passear por umas quantas Pesetas (ainda não havia chegado a era do Euro), para nós portugueses muitas.
Estão disponíveis autocarros de graça para levar os turistas aos pontos de interesse, devidamente publicitados. Cada autocarro tinha o seu destino. Estou a lembrar-me de um horto onde fomos só com cactos, onde também se podia andar de camelo.
Os hotéis situados à beira-mar têm saídas nas traseiras que dão directamente para um passeio em cimento que corre ao longo da praia de... godo. Areia, nem vê-la naquela zona. Este passeio era pejado de pequenos restaurantes e vendedores ambulantes, africanos a maioria, pelo que dava para se dar umas boas caminhadas, comprar umas bugigangas ou comer qualquer coisa.
Uma noite fomos ver um espectáculo à Pirâmide de Arona com a actuação do Gran Ballet Clássico Espanhol, coreografado por Carmen Mota. Inesquecível.
Nesta sala de espectáculos cabiam largos milhares de pessoas e estava praticamente esgotada.
Outra noite, coincidente com o dia de aniversário do nosso casamento, fomos ao Casino ver um espectáculo de variedades, com direito a champanhe tudo.
Nas outras noites, quando não havia programa, passeava-se e ouvia-se música ao longo das ruas.
Juntámo-nos com uma senhora que andava acompanhada da filha e do namorado, alugámos um carro e assim pudemos dar umas voltas pela Ilha.
Visitámos o Parque das Águias, onde presenciámos os voos das ditas que iam para tão longe que dava a ideia de que tinham ido embora para sempre, mas ao fim de algum tempo regressavam, em voo picado com uma precisão impressionante, à mão do seu domador. A seguir, vimos um elefante a fazer habilidades no meio da multidão, parte de que gostei menos, porque o paquiderme podia estar mal disposto naquele dia e atacar alguém.
Seguimos depois para o Loro Parque, espécie de Jardim Zoológico, onde se podia ver espectáculos de ilusionismo, golfinhos, papagaios amestrados, uma flora fabulosa e animais, ditos selvagens, de toda a espécie.
No Parque tinha ainda um aquário que era uma maravilha, com tubarões que se passeavam num enorme tanque de água, em vidro que fazia um túnel por cima dos visitantes. Perdi-me com a máquina de filmar a registar aqueles movimentos vagarosos e elegantes daqueles bichinhos, mesmo, mesmo por baixo deles. Pudemos ainda ver outros peixes de menor porte em diversos aquários mais pequenos.
Um dia tentámos ir ao cimo do famoso Pico Teide, o tal que consegue furar as nuvens, mas chegámos tão tarde e a fila para o teleférico era tão grande, que nos limitámos a olhá-lo cá de baixo e continuar viagem.
Seguimos então para Santa Cruz de Tenerife, uma cidade típica da beira-mar, ventosa e cosmopolita. Lembro-me que na altura jogava no Clube de Futebol local, o Domingos Paciência, meu vizinho e actual treinador do Braga FC.
Outro dia bem ocupado, foi um que passámos a navegar ao largo da Ilha, a bordo de um navio com o casco em fibra de vidro, com almoço e lanche a bordo. Pude ver e filmar os golfinhos que nos acompanhavam, que brincando passavam de estibordo para bombordo, e vice-versa, por baixo do navio.
O que é bom, acaba sempre, e lá chegou o dia do fim das férias e de voltar à realidade. Regresso ao Porto e ao trabalho.
Um dia destes trago mais uma perigosa aventura, acontecida em mais uma viagem organizada a algures onde haja um hotel com quarto e banho privativo.

CV



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